sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Entrevista a Carina Duarte, “Teen Champion”


Carina, por viajares tanto tens dificuldades em acompanhar as aulas ou consegues conciliar bem?
Tenho alguma dificuldade principalmente durante a primeira semana quando ainda estou excitada por estar no sitio onde estou e ao mesmo tempo exausta da viagem. Mas depois acabo por conseguir conciliar tudo rapidamente e até agora tem corrido bem!

Sentes que o surf e a tua actividade competitiva fazem com que a tua vida seja muito diferente da das tuas colegas da escola?
Sim, acho que é, e ainda bem! As colegas da minha escola não fazem nada, apenas estudam, e eu acho importante te outra actividade fora da escola para que a nossa vida enquanto jovens não se baseie só em estudos. E é claro que se levarmos uma actividade a nível de competição a vida é automaticamente diferente, e confesso que até gosto! Passamos bastante tempo a viajar enquanto eles estão na escola, acabamos por estar mais afastados e o nosso pensamento muda. Já não nos preocupamos com a turma mas sim em tirar boas notas e boas classificações nos campeonatos.

Como é a tua rotina diária?
No inverno levanto-me cedo, vou para a escola e quando é possível vou surfar. Mas como no tempo de escola surfo menos vou para a natação e ginásio. Tenho que confessar que no inverno passado, só fui umas três semanas e depois não me apeteceu mais. No verão não tenho rotina porque estou sempre de um lado para o outro a competir e surfar.

És a campeã nacional mais nova de sempre, isso criou novos objectivos para ti ou o circuito nacional continua a ser uma prioridade?
Penso que agora a maior prioridade são os campeonatos lá fora mas claro, se possível, vou tentar fazer todas as provas da liga ProSurf.

O circuito Pro-Junior europeu não tem corrido bem para as portuguesas, a que achas que isso se deve?
Na verdade, apesar de não tirarmos grandes resultados, não são maus de todo. Assim que se alguém tira um resultado não tão feliz, parece que todas as portuguesas têm maus resultados, mas pensando bem, neste momento somos só duas raparigas a correr o circuito Pro-Junior europeu. Talvez de houvesse mais raparigas portuguesas a participar existiriam melhores resultados. Além disso o surf português ainda precisa de evoluir mias (mas já estamos no bom caminho).

Quais são os teus objectivos no surf?
Representas Portugal até ao mais longe possível, conseguir um dia entrar no tour, mas até lá é tentar tirar os melhores resultados possíveis.

Como é o apoio da tua família?
A minha família apoia-me muito porque se não fossem eles mal fazia campeonatos, são eles que financiam a maior parte das viagens, para além disso, quando vou competir tentam sempre ver o heat na Internet.

Quem são as tuas influências?
São todas as surfistas, apesar de ligar mais a umas que outras como por exemplo a Courtney (Conloque), a Sally (Fitzbibbons), a Laura (Enever), a Bianca entre outras, mas uso todas como referência, reparo como fazem as manobras, a maneira como fazem a onda e até como remam, e junto tudo de todas e “escolho” a maneira mais adequada de fazer e tento fazer igual.

Quais são as vantagens e desvantagens de ser da Ericeira?
Uma desvantagem é que está sempre mais frio cá que nos outros lados, mas assim como vantagem não apanhamos aqueles dias insuportáveis de calor. Outra desvantagem é as águas que estão sempre geladas mas assim quando vamos para outro lado, parece sempre mais quente. Uma outra vantagem de ser da Ericeira é que surfo sempre quando quiser numa das praias mais cobiçadas do país, mas claro que há uma grande desvantagem, é que no verão parece que todas as praias fecharam e está tudo louco querer surfar em Ribeira d’Ilhas, e é quase impossível ir lá surfar sem nos chatearmos.

Conta-nos um heat de que tenhas especial orgulho.
Não é bem orgulho especial, mas gostei do heat no WQS dos Açores, pois apesar do quarto lugar no heat, fiquei com uma décima de diferença da terceira classificada, a um ponto da segunda, e tive a possibilidade de competir com uma ex-campeã mundial, Sofia Mulanovich.



Para terminar, conta uma surfada que te tenha ficado na memória!
Foi na Austrália e o dia estava horrível, só havia nuvens, o céu todo cinzento e estava a chover um pouco, e eu não tinha vontade nenhuma de ir surfar mas passado bastante tempo decidi entrar. Só havia uma pessoa na praia a surfar, entrei e quando cheguei lá fora essa pessoa estava-me a dizer ”Olá” e a acenar. Era a Carissa Moore! Ainda pensei que me estivesse a confundir com alguém mas depois cumprimentámo-nos e apresentámo-nos. As ondas estavam a demorar bastante tempo a virem, decidi perguntar-lhe alguma coisa. Acabámos por nos conhecer e acabei por me divertir na surfada, havia umas ondas apenas para duas raparias e numa das praias mais famosas do mundo, Bells Beach!





Rereências bibliográficas:

Motty, Mauro, "Entrevista a Carina Duarte, “Teen Champion”", Revista GIRLZ On Fire", Setembro e Outubro de 2010

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